Símbolo da arquitetura modernista brasileira, Palácio Gustavo Capanema foi o primeiro edifício no país a ter uma fachada inteira de vidro.
Iniciado na Europa, o modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e culturais. Os principais ideais modernistas chegaram no Brasil a partir da primeira década do século XX, introduzida através de manifestos como a Semana da Arte Moderna, realizada em 1922 em São Paulo.
A urbanista Evelyn Furquim Werneck Lima lembra que arquitetos, como o alemão Walter Gropius e o francês Le Corbusier, lançaram ideias inusitadas que caracterizaram a arquitetura do Movimento Moderno:
— Entre os cinco princípios formulados por Le Corbusier estavam a estrutura livre, possibilitada pelo desenvolvimento do concreto armado, e a cortina de vidro, que permitia iluminar os espaços internos.
Nos anos 30 e 40, Gregori Warchavchik, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Rino Levi, o escritório MMMRoberto, entre outros, introduziram no Brasil os princípios do Movimento Moderno, acrescenta Evelyn.
Clássico da arquitetura, o Palácio Gustavo Capanema, foi o primeiro edifício do país a ter uma fachada inteira de vidro. O edifício foi construído entre 1936 e 1945 para ser a sede do Ministério da Educação e Saúde e se transformou em um marco das transformações da arquitetura brasileira do Século XX e considerado a primeira obra em que os princípios do modernismo foram aplicados em escala monumental.
Orientados por Le Corbusier, os arquitetos Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa, idealizaram a primeira obra moderna de repercussão nacional.
O edifício do ministério é composto por um volume em altura sobre pilotis e outro mais baixo perpendicular ao primeiro. Suas elevações tiveram um tratamento com influência solar, utilizando elementos arquitetônicos como “brise-soleil” e painéis de vidro contínuo, ao invés de janelas tradicionais. Como é voltada para o Sul, na face envidraçada do prédio do MEC não bate sol.
A planta baixa segue os parâmetros modernistas, isto é, planta livre sem paredes fixas, o que permite maior mobilidade. As divisórias são de madeiras sem chegar ao teto o que permite ventilação cruzada. Alguns ambientes receberam azulejos e murais do pintor Candido Portinari e jardins com esculturas de Lipchitz, Bruno Giogi Celso Antonio.
Nos anos 70 e 80, recorda Evelyn, surgiram prédios comerciais e corporativos com fachadas de vidros fumê ou champanhe, em geral articulados com granitos e mármores escuros:
— Desde o fim do século 20, os granitos clareiam e os vidros usados são quase sempre azuis ou esverdeados. A Cidade Nova, em pleno processo de requalificação urbana, exemplifica o processo. O primeiro edifício da prefeitura, inaugurado em 1982, apresenta cortinas de vidro fumê. E um dos mais recentes, o Edifício Cidade Nova, articula paredes cegas (sem aberturas) e paredes de vidro em fachadas duplas, de forma harmônica, no sentido de reduzir o custo do ar condicionado e possibilitar um melhor aproveitamento de cada material.
Fonte: O Globo / Arquitetura Brasileira